Quando comecei a escrever sobre a história da renda, tinha a intenção de mostrar a importância que este tecido teve nos séculos passados. Para se ter uma idéia, Marie Antoinette, ao deixar Versailles, queria dar às suas damas de companhia alguma coisa que lhe fosse muito querida antes de partir. Ela lhes deu então suas próprias rendas. Mas o formato de “capítulos” que eu pretendia fazer não deu certo e achei que ficaria muito longo e enfadonho. Então, resumindo a história, podemos dizer que a renda se instalou na França sob o reinado de François 1er, que impediu a importação do tecido. Foram as manufaturas reais que instigaram as manufaturas independentes e privadas. Sob Luís XIV, a renda era usada em profusão em Versailles, por mulheres, crianças e homens. O uso da renda na vestimenta era um símbolo de status e o rei, amante do luxo, se orgulhava muito das suas manufaturas e dos motivos elaborados – e exclusivos, claro.É interessante ver a evolução da moda desde o século XVI e como a utilização da renda foi mudando. Mas, para o Bem-Casadas, o que importa é saber quando a renda subiu ao altar! E isto se deu com Marie Luise, a segunda esposa de Napolão Bonaparte. Foram suntuosos points à l’aiguille que enfeitaram a noiva e a corte imperial...O declínio irreversível da renda foi na Primeira Guerra Mundial. Como sempre, a moda acompanha a economia e o empobrecimento da última sempre significa o empobrecimento da primeira.Hoje, a renda que se costuma usar é fabricada em massa, à máquina, e lembra muito pouco os pontos à mão que se fazia antigamente. Os motivos são sempre repetitivos, na maioria das vezes simétricos, enquanto que antes formavam desenhos, cenas, dégradés de texturas… A renda hoje é bonita, mas desde o início deste século deixou de ser arte. . Abaixo, closes de algumas rendas vintage (clique para ampliá-las):.




Eu fico louca de pensar que cada pontinho e cada buraquinho destas rendas foi feito à mão! Para quem gosta, as cidades de Alençon, Calais, Bayeux, Bruges, entre outras, ainda produzem (em pequena quantidade) algumas pecinhas à moda antiga, vendidas em lojas de turistas ou de museus.Fotos: acervo Wanda Borges