A renda feita a mão é o resultado de uma combinação de fios executada à agulha ou com bilros, à exclusão de qualquer outra técnica. Não pode ser confundida com o filó ou o tule bordado, o crochê, o macramê, o tricô, nem com qualquer outro tecido apresentando desenhos vazados maiores ou menores, porque não são nem a leveza nem o grau de transparência que caracterizam a renda, mas unicamente os meios utilizados para sua fabricação.

Pode-se falar realmente de um primeiro esboço da renda no século XIII, quando apareceu um bordado chamado “espaçado”. Mas a verdadeira renda nasceu em Veneza. As bordadeiras venezianas e os passamaneiros recebiam tecidos vindos do Oriente e faziam mil e um exercícios artísticos para incrementá-los. Eles tiravam fios e preenchiam alguns dos vazios assim criados com novos fios, fazendo desenhos de certo relevo.

Os desenhos foram, primeiro, geométricos. Depois, tornaram-se mais e mais figurativos e vaporosos. Em Veneza, as ursulinas e as nobres criaram escolas. Livros de modelos foram elaborados (dentre os quais o mais célebre é o Burato de A. Paganino). Cada mulher experimentou, então, criar a renda que ela desejava usar – uma ocupação que permeou todas as classes da sociedade. A utilização das rendas se estendeu também às igrejas pelos ornamentos sacerdotais.

Nos séculos XV e XVI, Veneza era reconhecida por sua excelência na arte rendeira. Numerosas encomendas chegaram até a “laguna” – Mary Tudor, Catherine de Médicis e outras rainhas queriam se enfeitar. Os comerciantes venezianos se encarregaram da exportação e contribuiram, assim, para a difusão destes têxteis por toda a Europa.

To be continued