O casamento de Lalá Rudge foi, sem dúvida nenhuma, o mais aguardado do ano! Acredito que a maioria das pessoas tenha visto cada detalhe (vestido da noiva, das madrinhas, das convidadas, da decoração, dos doces, etc) pela hashtag que se criou no Instagram (#casamentolalaeluigi) ou pelos sites como Glamurama, RG e Circolare. No blog da própria noiva, algumas fotos e até o vídeo já foram divulgados.

Havia uma grande expectativa em torno do casamento como um todo, mas é claro que o vestido de noiva era o que gerava mais curiosidade! Sabia-se que o responsável seria o estilista Sandro Barros e especulava-se que seria inspirado no vestido de noiva de Grace Kelly (o símbolo-mór da noiva clássica). E aí, muitos se surpreenderam quando a noiva surgiu em um modelo de zibeline com bordados em tons claros de rosa, verde e azul: 

(Fotos: Flávia Vitória, a fotógrafa oficial do casamento)

(Fotos: Charles Naseh)

Esse post não é para dar a minha opinião pessoal sobre o vestido – se acho ou não quente demais para a época do ano, se gosto ou não de cada detalhe… quem tem que gostar do vestido, antes de qualquer pessoa, é a noiva! (já falamos sobre isso antes) Mas, independentemente de qualquer coisa, o que mais me chamou atenção em relação ao vestido de noiva de Lalá Rudge foi a “ousadia”.

Como assim? Explico:

Como cresci em meio a vestidos de noiva, já vi muitas tendências indo e vindo… e vou contar uma coisa que pode chocar a maioria de vocês: nos anos 90/comecinho dos 2000, as noivas brasileiras detestavam renda. Me lembro muito bem de estar no atelier da minha mãe e vê-la dando verdadeiras aulas de história da renda para tentar convencer as noivas de que renda era um tecido clássico, que sempre teve a ver com vestido de noiva, patati patatá. Tudo em vão, pois havia uma percepção de que renda era algo antigo, “de avó” (num sentido pejorativo). Talvez as noivas também estivessem sendo influenciadas pelas marcas americanas, já que Vera Wang, Monique Lhuillier, Reem Acra e todas as outras praticamente só usavam cetim duchesse, crepe, zibeline, tule e bordados. Era a moda da época. (quem duvida pode caçar revistas de noiva da época para comprovar)

E como, na Europa, a indústria da renda estava em baixa porque só vendia para a alta-costura (afinal o custo é alto), deu-se início a uma verdadeira “campanha” para aproximar a renda da moda do dia-a-dia. Não é à toa que, de repente, os estilistas começaram a usar muita renda em peças “mais simples” de suas coleções prêt-à-porter. E quase na metade dos anos 2000, a renda explodiu de tal maneira que todo mundo passou a amá-la!

Minha mãe sempre foi colecionadora de rendas, então, é claro que amamos renda! E ficamos exultantes quando as noivas passaram a pedir vestidos de renda! Foi quase como uma vitória! rs Só que à mesma medida que passaram a amar renda, passaram a torcer o nariz para os tecidos mais estruturados que se usava antes…

Hoje em dia, fazendo o blog, percebo claramente a predileção atual das pessoas quando colocamos certos tipos de vestidos de noiva. Quem busca a unanimidade, pode apostar de olhos fechados no combo: renda + decote nas costas + um saião de tule ou saia sereia. Se tiver um véu com renda aplicada na borda, então, é sucesso garantido!

Não me entendam mal! Essa combinação é realmente linda!!! Não é à toa que faz tamanho sucesso!! Mas, às vezes, sinto falta de ver outros tipos de vestidos… Sou louca por um saião de cetim duchesse (falando nisso, vamos colocar em breve o casamento de uma noiva linda que instagramei semana passada com vestido de saião de cetim duchesse!), tecido tão nobre e clássico, escolhido por tantas princesas para o vestido de noiva! Um saião de organza com aplicações ou bordado de linha pode ser tão lindo e tão leve quanto um saião de tule! E o crepe bianchini, então, que tem um caimento maravilhoso… por onde andam os vestidos de noiva nesse tecido? E a variedade de jacquards, por que ninguém está explorando? Já ia perguntar sobre a zibeline, mas aí a Lalá trouxe ela de volta!

Por isso, digo que adorei ver que o modelo do vestido de noiva de Lalá Rudge, uma homenagem ao vestido de noiva de sua avó, Maricy Trussardi, apesar de clássico, demonstrou uma certa ousadia ao fugir do comum e ao “correr o risco” de não agradar a todos. Alguns insistiram na questão da tradição da família, mas eu achei que, mais do que isso, foi uma questão de personalidade por parte da noiva. O público brasileiro também costuma ser super conservador em relação a detalhes não-brancos em vestidos de noiva, então achei interessante que no dela havia o bordado com cor. Por que não? Por que tem que ser sempre branco, bordado em branco, com tudo branco? E, para finalizar, a mantilha de Bruxelas, que também é um clássico, mas que anda pouco valorizada atualmente. Para mim, a maior surpresa foi essa: dentro de um aparente conservadorismo, ela foi ousada. Parabéns, Lalá! E muitas felicidades nessa nova fase da sua vida!

*Esse post trata de moda e não aceitaremos comentários desrespeitosos à noiva.