Fraques da Savile Row
Acho que já comentei algumas vezes aqui no site a minha paixão pelos fraques britânicos e sempre fico de olho nos que os Príncipes Harry e William usam. Adoro ver as combinações que fazem entre colete e gravata!
Nesta viagem, pela primeira vez na vida, confesso que estava muito mais interessada em conhecer os alfaiates do que em visitar as estilistas de noivas (embora o tenha feito também). É que sobre o traje masculino tinha (e tenho ainda) muito o que aprender, enquanto de vestidos já entendo um bocado…!
Aguardava ansiosamente pela minha “expedição” na Savile Row! A tradicional rua dos alfaiates londrinos, que inclui H Huntman & Sons, Davies and Son, Hardy Amies, Gieves & Hawkes, Norton & Sons, Henry Poole & Co, Nutters of Savile Row, Steed Bespoke Tailors, Steven Hitchcock, Stowers Bespoke, entre outros. Um foi fundado em 1689, outro em 1849, outro data de 1911.. e muitos são Royal Warrant Holders, ou seja, prestam serviços para a Rainha Elizabeth, Príncipe Philip ou Príncipe Charles (nos brasões vêm os títulos e não os nomes…). Isso tudo quer dizer tradição e qualidade.
Nas vitrines, bespoke e made-to-measure são os termos mais freqüentes. A diferença principal entre eles é que o made-to-measure é o processo que coloca os moldes pré-existentes na medida do cliente, enquanto o bespoke faz uma modelagem completamente exclusiva para o cliente e o processo é todo handmade. O made-to-measure tem algumas limitações, já com o bespoke o cliente pode alterar até tamanho da lapela da modelagem do alfaiate, por exemplo. Em média, o bespoke leva de 8 a 10 semanas e o made-to-measure, de 6 a 8. O bespoke pode precisar de 3 provas, o made-to-measure é possível ser feito com 2.
Tudo muito chique, tudo muito elegante, porém bespoke e made-to-measure podem ser um pouco complicados para os brasileiros, né… mas nem tudo está perdido!rs Quem quiser um fraque legitimamente britânico e não tiver disponibilidade de tempo para provas pode comprar as peças ready-to-wear que algumas poucas lojas oferecem. A Gieves & Hawkes (que confeccionou o uniforme usado pelo Príncipe William em seu casamento) e a Ede & Ravenscroft (que faz os mantos para coroação e outras cerimônias – e que não fica exatamente na Savile Row, mas é praticamente em frente à Gieves & Hawkes) têm algumas opções, como o fraque cinza médio e a tradicional jacket escura com variações da calça de listras. Os coletes, de linho ou de lã, podem ter ou não lapela (normalmente, os de abotoamento cruzado têm lapela, como nas fotos acima) e vêm em amarelo clarinho, azul clarinho e um tom de bege. A camisa costuma ser totalmente branca ou azul com colarinho e punhos brancos. A escolha da gravata varia… mas o lenço deve combinar com a cor da gravata ou com a da camisa.
Eu sei que a maioria de vocês está pensando “Mas que frescura! Quer fraque? Aluga um e pronto! Nunca mais vai usar!“. Sem dúvida nenhuma, o aluguel é uma alternativa. Mas assim como muitas noivas investem em alta-costura para seus vestidos (que tampouco serão usados novamente), acho que os noivos também têm o direito de ter um fraque de “alta-alfaiataria”! Why not?
PS 1: sim, também é possível fazer fraque sob medida no Brasil!
PS 2: noivos que querem se casar de terno também podem procurar pela Savile Row se estiverem em Londres.
7 Comentários
Oi Constance,
Sei que estou atrasada no comentário deste post, mas li recentemente em uma entrevista do Ricardo Almeida, que dizia que o fraque era um traje diurno. Imagino que ele tenha razão em relação a sua origem e tradição, mas na adaptação brasileira vemos exatamente o oposto. Confesso que depois de ter atentado para isso, perdi um pouco do encanto pelo traje…
O que você acha sobre isso?
beijos,
Flávia
Flávia, eu acho fraque lindo. Pra mim, é o traje do noivo por excelência. Como no Brasil as pessoas se casam à noite, acabou sendo associado a casamentos noturnos. E há também uma falsa impressão de que casamento à noite é mais formal do que de dia, o que não é necessariamente verdade (haja visto os casamentos reais, que são sempre diurnos). Talvez isso explique a “distorção” da tradição.rs Bjs
Ainda se usa fraque? Ou ele nunca cai de moda?
Ana Cláudia,
Fraque é tradicional… mas os noivos que não gostam usam terno. Bjs
Constance, sobre o fraque, gostaria de saber se ele pode ser usado em qualquer tipo de casamento (claro que não estou falando daqueles na praia ou muito rústicos). Ele deve combinar com a festa?
O meu casamento será em uma fazenda, onde predomina madeira de demolição, pedras e muito verde. No entanto, quero dar um toque bastante chique, ao trazer mobiliário sofisticado, candelabros de prata, enfim, um conceito clássico refinado. Minha pergunta é: por ser no campo, numa capela de fazenda, com festa na sede logo depois, você acha que o fraque ficaria meio over? Ou meu noivo pode usar tranquilamente?
Ana Beatriz, talvez não seja o costume por aqui, mas não acho nada over! (sei que alguns discordam da minha opinião… mas, bom, essa é a minha opinião)
Bjss
Nossa, a minha dúvida era idêntica à da Ana Beatriz. Meu noivo optou pelo fraque e eu o apoiei bastante após ter lido essa matéria há uns meses, mas tive receio de parecer exagero. No fundo, concordo com a Constance. Over não é. Pode ser até diferente do usual. Meu casamento, por exemplo (daqui a 32 dias!), terá o mesmo conceito do da Ana Beatriz: rústico-chique, em um ecoresort e acho que o fraque trará um contraste interessante com o ambiente, assim como ter castiçais e candelabros de prata trazem um lindo contraste com a madeira de demolição e o campo.