Há 3 anos, nascia o blog que mais tarde cresceu e se transformou neste site. Como toda história tem um começo, o começo dessa história foi Wanda Borges, que me ensinou tudo o que sei. Tudo o que vocês vêem nessas páginas tem um pouco dela, porque ela formou o meu senso estético, me ensinou a distinguir o que parece bom do que é realmente bom e abriu a minha percepção da moda para além da roupa em si. Em clima de comemoração de aniversário e merecida homenagem, o bate-papo de hoje (fazia tempo que não tínhamos um, né?!) é com a minha guru, Wanda Borges.

Como você entrou para a moda? Acho que comecei como “stylist informal”. Na adolescência, desenhava vestidos para mim e para as minhas amigas e cuidava das nossas produções (às vezes, até cabelo e maquiagem), tudo de farra. Vivemos uma época agitada, várias festas (muitas de gala) e as roupas eram a nossa curtição. Fazíamos parte daquelas listas de “10 mais bem vestidas”, de modo que os vestidos, para nós, eram coisa séria (risos). Mas o trabalho mesmo veio depois da faculdade. Naquela época, não havia curso de moda, por isso, me formei em Belas Artes. Foi um curso que me ajudou a aprimorar o traço e o senso de proporção, o que considero essencial na minha profissão. Após a faculdade, já mais independente, decidi me arriscar e comecei a trabalhar como buyer de importantes multimarcas do país, como a Magrella, de Brasília. Depois, fiz pesquisa de tendências na Europa para a G (nome que levava a marca de Gloria Coelho). Foram tempos incríveis, vi de perto toda a efervescência da moda de rua de Londres no fim dos anos 70 (nada hippie), a revolução japonesa na moda em Paris nos anos 80… E foi em meio às pesquisas pela Europa que notei a falta de um prêt-à-porter de festa no Brasil. Então, decidi me aventurar como estilista – e gostei.

Em que momento as noivas entraram nessa história? Entrei no universo de noivas atendendo um pedido muito especial, da Gloria Coelho. O primeiro vestido de noiva que desenhei foi o dela. Aos poucos fui me encantando com o universo, é um momento muito especial na vida de toda mulher. E o vestido de noiva traz em si sonhos, expectativas, histórias, símbolos…

Mas você ainda faz vestidos de festa… Faço! Gosto muito do branco, mas também preciso de outras cores na vida!

Você cria (quase sempre) vestidos sob medida, mas como define o seu estilo? Quando tinha coleção, me sentia presa, pois tinha que seguir uma só linha. Hoje, o meu prazer está justamente na liberdade de poder fazer vários estilos ao mesmo tempo. Posso fazer um vestido clássico hoje, uma despojadíssimo amanhã e outro super moderno no dia seguinte. Tenho preferência por roupas com movimento, gosto da elegância discreta (que não significa ser conservadora!) e não abro mão de matéria-prima de qualidade. Mas o principal é saber identificar a personalidade de cada pessoa e traduzir isso no vestido – a minha assinatura fica impressa no corte, na delicadeza e na feminilidade.

Quais são as tendências para noivas? Não gosto de pensar em noivas em termos de tendências, porque aí o look fica datado muito rápido. Busco a beleza perene tanto nos vestidos, quanto nos acessórios de cabeça e nos sapatos que desenho e, por conta disso, muitas das minhas criações continuam atuais mesmo anos depois. Mas, de qualquer forma, posso apontar algumas tendências que temos visto e que me agradam, como vestidos com saias volumosas (e volumes assimétricos), tule, detalhes em preto, decote nas costas…

Foi-se o tempo do tomara-que-caia? Foi-se o tempo do império do tomara-que-caia. Como ele fica lindo em meninas de ombros largos e retos, nunca deixará de ser usado.

Branco x Off-White: Gosto do tom da seda pura, que não é nem branco-branco, nem muito amarelado. É o blanc cassé, ou seja, o branco quebrado. (Às vezes, as pessoas usam “off-white” para designar tons mais amarelados, por isso faço a distinção.)

Mantilha x Véu: Mantilha de Bruxelas é sempre chique, mas, infelizmente, não combina com qualquer vestido. Já o véu (de tule sem brilho, sempre!) é mais versátil e tem o seu mistério.

Peep-toe x Bico fino: Peep-toe!

Less is more x More is more: Less will always be more. Mas também é possível ter um bom resultado contrabalanceando o more com o less. O segredo está no equilíbrio da somatória de todos os itens que compõem a noiva (vestido, bouquet, grinalda, véu, joias…).

Momento flashback:

Fotos mais recentes, vocês encontram no site dela.

Imagens: Isto É, Elle, Caras e Alice Lima