Já ouviu falar que o combinado não sai caro? Para essa máxima ser verdadeira, o combinado tem que ser bem detalhado, às claras! E o que isso significa? Que tudo deve estar descrito direitinho no contrato.

Se você não estiver contando com a ajuda de uma boa assessoria durante os preparativos, pode se perder nas minúcias… e acabar achando que está contratando uma coisa e levando outra, ou receber custos “extra” inesperados. Por isso, pedimos para Juliana e Rodrigo Monsó, que comandam a assessoria Hora do Buquê, dividirem alguns pontos nos quais você deve prestar atenção na hora de assinar os contratos do casamento!

Dá uma olhada nas dicas da dupla:

BUFFET

1 – A maior questão é com relação à quebra de itens durante a festa. Há muitos buffets que oferecem seguro dos materiais, mas é sempre bom saber se consta no contrato quem vai pagar pelas quebras depois do evento. E mesmo que haja em contrato quem será o responsável pelo pagamento, não pode faltar como será feita a cobrança e avaliação. É importante também ter um descritivo das peças com os respectivos preços de reposição. Já ouvi casos de copos básicos de vidro chegarem a custar mais caro que taças de cristal.

2 – Número de garçons por mesa. Saiba que se o buffet não quiser incluir isso em contrato, é porque provavelmente não irá levar o número acordado em reunião.

3 – Importantíssimo colocar o número de horas extras que podem ser contratadas. Tem empresas que não fazem hora extra ou fazem duas horas no máximo. Em casamentos no campo, por exemplo, isso pode dar problema – principalmente nas festas que começam no fim da tarde, por volta das 16h, e vão noite adentro. No contrato padrão, se são oito horas de serviço, por exemplo, um casamento marcado para às 16h teria que acabar à meia noite. Só que normalmente o casamento no campo vai até às três, quatro horas da manhã. Quando a empresa não coloca isso no contrato, ela pode querer fazer, no máximo, duas horas extras ou mesmo não fazer. E qual o problema disso? Não é a falta do comida às três da manhã… o problema é que você não pode – por lei – manter uma festa sem o serviço de bebidas não alcoólicas, que é responsabilidade do buffet.

4 – Precisa constar tempo de jantar. Tem buffet que diz que vai haver serviço e comida até o fim da festa, mas não coloca o tempo de jantar. Os bons buffets mantêm o jantar até o fim da festa. Mas já vi muitos casamentos fora, que começaram às 16h, o jantar foi servido às 19h, e às 21h já tinha acabado (aqui em São Paulo isso é mais difícil de acontecer, já se criou uma cultura de manter o buffet de jantar até o final). Dali para frente, é só lanchinho da madrugada. E se isso não está em contrato, os noivos não podem reclamar, porque efetivamente houve serviço e houve comida até o final.

5 – Muitos contratos possuem uma cláusula de reajuste de valor, como se fosse a inflação. Precisa sempre entender como isso vai funcionar, para que não chegue na semana do casamento, quando o buffet vai fazer a compra dos alimentos, e você receba uma conta extra exorbitante. Isso é comum quando há ingredientes importados e cotados em dólar. O que sugiro, nestes casos, é congelar, em contrato, o valor acertado no ato do fechamento.

BAR

6 – Hoje, na maioria dos contratos já consta, mas é sempre bom checar se as canecas de moscow mule que estão na moda e as peças especiais de decoração estão discriminadas. A maioria dos profissionais já coloca o valor das coisas, caso um convidado leve pra casa (o que também é comum!rs). Se isso está lá, não há problemas, mas se não está, os noivos com certeza vão receber uma conta extra surpresa após o casamento.

7 – Cuidado com empresas que garantem que vão ficar a noite toda. Eles realmente ficam, mas existe uma lei que proíbe que haja só bebidas alcoólicas em uma festa. Basicamente, os donos da festa não podem ser responsáveis por “induzir os convidados ao alcoolismo”. Normalmente, quem serve os não alcoólicos, como água, refrigerante e sucos é o buffet. E se o buffet não ficar até o final, o bar também não pode permanecer. O que normalmente fazemos é combinar, em contrato, que o buffet irá repassar esses itens para o bar fazer o serviço.

BANDA & DJ

8 – Tem banda e DJ que têm o rider próprio e ele consta em contrato (o rider é toda a estrutura para a apresentação – som, iluminação, iluminação de palco, de pista, vídeo, cenografia… – sem ele, não há show). Mas isso não é o mais comum, muitos profissionais vendem o trabalho, a apresentação e alugam os equipamentos, o que faz sentido, e este custo pode “surgir do nada”, pouco antes do evento, como uma conta extra. É muito comum chegar noivo para mim que já contratou espaço e banda. Daí você vai ler o contrato e descobre que não tem o rider e tem que dar a notícia para os noivos de que para a apresentação precisamos contratar mais este serviço de aproximadamente R$ 5 mil.

9 – Sempre bom colocar no contrato o tempo do DJ no palco. “Tocar a noite inteira” não quer dizer a presença dele por todo o período. Já vi profissionais que, ao chegar mais pro fim da festa, colocam um set para tocar, deixam um técnico para resolver qualquer eventualidade e vão embora.

DECORAÇÃO

10 – A maioria, dos projetos de decoração contempla tudo (mobiliário, projeto floral, toalha…), menos iluminação cênica, peças da mesa de doces e sousplats. É bom saber isso desde o início, pois é outra conta inesperada que pode chegar mais para o fim do planejamento.

ESPAÇO

11 – Quando se procura um espaço de eventos, o que costuma ser apresentado para os noivos é só o valor do aluguel, o que está certo. Porém, antes de tudo, precisamos entender o que aquele espaço precisa para receber uma festa. Por exemplo: tem espaço que custa R$ 20 mil de aluguel, mas daí ele só funciona se você contratar valet, segurança, staff… (normalmente tem uma ou duas empresas de cada serviço cadastradas que os espaços aceitam). Moral da história, já vi muitos casamentos em que o espaço custa R$ 20 mil e esses serviços, que chamamos de “brigada”, custam mais R$ 15 mil.

12 – Para uma festa funcionar perfeitamente, precisa-se de geradores. Quase todas as casas mais modernas têm. Porém, na grande maioria, o gerador é de stand by, ou seja, se acabar a luz, ele liga em segundos e segura a festa por algum tempo. Acontece que DJ, decoração e cozinha precisam de muita energia para fazer a festa acontecer. E se você quiser uma banda que tem um equipamento X ou Y, isso pode exigir um gerador próprio, além do gerador da festa, e isso terá um custo. E ainda, dependendo do tamanho do equipamento e do gerador que será contrato, ele precisa ficar ligado (para testes) pelo menos dois dias antes, ou seja, duas diárias a mais.

13 – Ainda falando da banda ou DJ, muitos espaços já possuem equipamentos de som, mas, antes de contratar, precisamos entender todas as apresentações que a festa terá e saber se ele é suficiente ou serve. Se for um pacote básico, por exemplo, e o DJ precisar de outro equipamento de som, o do espaço não serve. É preciso entender de antemão para evitar que os noivos tenham que pagar duas vezes por este serviço: uma no espaço e outra na empresa externa que irá fazer a montagem do equipamento certo.

14 – A taxa do ECAD (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição) é de responsabilidade do espaço de eventos, e não dos noivos. Repassar o valor para eles pode, sim, ser uma prática, e não é errada se acordada com antecedência. E por que toco neste assunto? Porque já vi muitos espaços fazerem terrorismo, não colocando no contrato e alegando, mais próximo da festa, que se baixar a fiscalização no dia do casamento, os noivos serão multados, o que é mentira. A multa será sempre do espaço de eventos.

15 – A maioria dos espaços aqui de São Paulo tem limite de horário, principalmente pela necessidade do tempo de desmontagem (normalmente se desmonta em três horas para que comece a montagem do próximo evento). Quando você vai para fora de São Paulo, fica tudo meio no ar. A grande maioria garante que pode ir até a hora que quiser, sem limites. Porém, não contam que o valet trabalha, no máximo, dez horas e não aceita hora extra. Que o buffet trabalha entre oito e dez horas e faz, no máximo duas horas extras… Ou seja, se você começou a cerimônia às 16h, entre 3h e 4h sua festa já acabou. Não tem como você ir até às 8h, nem pagando. E aqui, defendo esses profissionais, porque se você for colocar na ponta do lápis, são oito horas de serviço, mas eles chegaram, pelo menos, três horas antes para montagem, no final das contas dá mais de dez horas de trabalho!

DOCES

16 – Quem vai montar os doces na mesa? Muito difícil uma empresa de doces montar a mesa. Normalmente, entregam os doces na festa e pronto. Pode até ser que algum decorador monte a mesa, mas, normalmente, eles priorizam outros detalhes para finalizar antes de começar a festa. Na minha equipe, por exemplo, sempre coloco no orçamento uma copeira, porque a mesa de doces é um dos corações da festa, ela precisa ser montada e, depois, se manter linda durante toda a festa. Essa copeira repõe os doces, tira os papéis e forminhas já usadas…

17 – Outra dica, que não acho que seja uma dica de contrato, mas, sim, de expectativa dos noivos. É importante saber sobre as forminhas. A maioria dos doceiros trabalha com os modelos clássicos de acrílico, aquela que parece uma caixinha. Os modelos de tecido e papel em formatos diferentes, como de flores, precisam ser comprados por fora, o que não está errado, porque o serviço que está sendo contratado é de doces. Então, quando for calcular o valor do docinho, não se esqueça de acrescentar à conta o valor das forminhas.

PAPELARIA

18 – Pergunte sobre o número de vezes que você pode pedir refação da arte do convite. Tem empresas que trabalham com três, quatro; enquanto outras não impõem um limite.

19 – Cuidado com o prazo entre o fechamento do contrato e a entrega dos convites. Se você demorar muito para definir a arte do convite e, consequentemente, liberar a produção, o preço pode subir (se o papel for importado), o que é mais que justo, mas isso também pode interferir no seu prazo de entrega. Se o papel demorar mais para chegar do exterior, mais tempo demora para ficar pronto.

BELEZA

20 – A maior dica que posso dar é com relação à cláusula de cancelamento. Não é incomum haver cancelamentos no meio do processo, principalmente entre os maquiadores que trabalham em outros setores, como moda e televisão. E a gente sabe que beleza é um dos serviços mais importantes para a noiva. Sempre oriento a colocar, além da devolução integral do valor, uma multa caso isso aconteça.

21 – Cláusulas como “se eu tiver qualquer problema, mando alguém compatível da minha equipe” são um perigo. Dependendo do profissional, é um atestado de que ele não vai aparecer no seu casamento. Para mim, ou vai ou paga multa de cancelamento.

22 – Precisa constar a relação de profissionais que vão no dia para que seja prevista a alimentação dos mesmos. Normalmente, quando noiva e madrinhas se arrumam no mesmo lugar, o profissional vai com uma equipe grande. Tem empresas que são bem certinhas e fazem um contrato com cada profissional contratado para aquele dia. Porém, há muitos profissionais que chamam colegas para ajudar e não relacionam isso em contrato. Chega no dia e tem 10 pessoas a mais para se alimentar e uma única sala para todo mundo trabalhar. Isso causa muito problema e um custo bem alto no final.

FOTO E VÍDEO

23 – Primeira cláusula que recomendo colocar é a quantidade de edições de foto e vídeo no pós-casamento. Dá muito trabalho, e os profissionais estão certos de limitarem. Sempre recomendo, pelo menos, duas ou três edições.

24 – O tempo de entrega de cada etapa do material também é bem importante constar no contrato. Isso evita dor de cabeça, principalmente se há refações.

25 – Ainda falando sobre tempo, não podemos esquecer o de trabalho no casamento. Todo profissional coloca o número de horas na festa, mas precisa entender em que momento isso começou a ser contado, se é no making of, o fotógrafo que chegou no salão para fazer só a decoração… Isso pode ficar confuso e às vezes pode acabar o tempo de contrato e ter festa rolando ainda. O que recomendo: 8 horas de festa + making of.

26 – Parece loucura, mas outra dica que dou é se certificar que o fotógrafo ou videomaker que você contratou vai ficar a festa toda no seu casamento. No contrato padrão, consta que “A EMPRESA FULANO DE TAL FOTO E VÍDEO” permanece no seu casamento por X horas. Mas isso não quer dizer que ele ficará. Pode ser alguém da equipe. Já vi fotógrafos irem embora após a primeira dança do casal.

EXPECTATIVA X REALIDADE = O COMBINADO NÃO SAI CARO

27 – Tem muito profissional que não coloca um descritivo do serviço detalhado em contrato, principalmente os que trabalham com um lado mais criativo, como decorador e buffet. O que precisa, em qualquer contrato, é alinhar o que você está contratando com o que será entregue no dia do evento. Pode parecer muito rígido, mas precisa constar coisas como o número exato de arranjos de cada tipo, o número de cadeiras… Parece bobeira até você chegar no seu casamento e uma mesa ficar sem arranjo, ou você descobrir que aquele arranjo extra te custou um valor bem mais alto.

ALIMENTAÇÃO DE STAFF

28 – Alimentação de staff é sempre um ponto que dá dor de cabeça. Para resumir, os noivos são responsáveis pela alimentação das seguintes empresas: bar, assessoria, foto, video, recreação infantil, banda, DJ, atração especial, beleza e, às vezes, serviços gerais, como segurança e equipe do espaço de eventos. Em casamento no campo, onde não costuma haver restaurantes no entorno, a alimentação de staff é dobrada, porque tem quem vai trabalhar durante o dia e quem vai trabalhar à noite, durante o evento.

(Foto: Divulgação)

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