Questões de segurança em casamentos
Depois da tragédia de Santa Maria, que ainda nos deixa muito abalados, pensamos que seria importante tratar de algumas questões de segurança em casamentos também.
Para isso, conversamos com Thaïs de Carvalho Dias, assessora que há 28 anos comanda casamentos no Rio de Janeiro à frente da Thesis, Luis Alberto Zanoni, diretor geral do Grupo Leopolldo em São Paulo, e Vera Simão, presidente da ABRAFESTA, Associação dos Profissionais, Serviços para Casamento e Eventos Sociais, que levantaram alguns pontos para noivos e assessores ficarem atentos:
– Alvará em dia: Segundo Zanoni, é importante verificar se o espaço possui autorização de funcionamento, pois isso já garante que ele passou por uma vistoria técnica que verificou todas as condições para a perfeita operação de suas atividades, como instalação elétrica, estruturas (palcos, tendas etc), gerador e iluminação. “Os alvarás das casas de eventos são renovados anualmente”, completa.
– Laudo do corpo de bombeiros: Todos que derem entrada no alvará de uso, necessariamente, precisam do laudo do Corpo de Bombeiros. Trata-se de um documento que garante que as edificações possuem as condições necessárias de segurança contra incêndio (portas de emergência desobstruídas, saídas devidamente sinalizadas, número adequado e localização de extintores e hidrantes etc). Thaïs de Carvalho Dias prefere tomar cuidados extras: “Para cada festa que organizo, peço um laudo do corpo de bombeiros para ter a certeza de que está tudo nos devidos conformes”, diz.
– Ambulâncias: “A ambulância é obrigatória em eventos com mais de 400 pessoas, mas mesmo em eventos menores, se não houver um hospital num raio de 20 km, eu faço questão de contratar uma”, afirma Thaïs. Nos eventos realizados no Grupo Leopolldo, segundo Zanoni, a contratação de uma ambulância com médico é exigência da casa. “Alguns espaços podem contar ainda com ambulatório no local para cuidar de pequenas eventualidades, como alguém passar mal durante a festa“, completa.
Shows pirotécnicos e queima de fogos de artifícios: “As atrações não devem ser abolidas das festas, mas os casais devem sempre ter cuidados relevantes com o local do evento e as precauções precisam existir tanto em locais fechados quanto em ambientes abertos”, afirma Vera Simão. Thaïs de Carvalho Dias complementa: “Até em lugares abertos é preciso ter cuidado para não acender fogos perto de árvores. Isso é um cuidado que os próprios profissionais de pirotecnia devem ter.”, afirma.
No Manual de Boas Práticas, publicação direcionada para o mercado de eventos recém-lançada pela ABRAFESTA, há um capítulo dedicado aos alertas sobre as exigências que os Espaços de Eventos devem cumprir:
5.7 Espaços para eventos
• Possuir licença de operação ou autorização de funcionamento (alvará de funcionamento, laudo do Corpo de Bombeiros e Cadam). • Manter o espaço em conformidade com a Lei 11.986, de 16/1/96, Lei do Silêncio Urbano – PSIU, investindo no tratamento acústico. • Explicitar o número e a distribuição de copas/cozinhas e sanitários para portadores de necessidades especiais. • Informar prazo para solicitações extras, como pontos de luz. • Informar existência de estacionamento terceirizado ou do espaço. Ficar atento à existência de seguros de trajeto e de pátio, número de manobristas e suas documentações, legislações específicas e seguro de objetos em veículos. • Comunicar à CET sobre as datas de eventos, quando o espaço possuir estacionamento/serviço de manobrista próprio e exigir essa comunicação por parte de empresas contratadas, no caso de terceirizar o serviço. • Receber a programação de entrada de fornecedores, preferencialmente com 10 dias de antecedência. • Informar claramente o horário para montagem e desmontagem de eventos e as respectivas penas pelo não cumprimento. • Especificar a existência de local para carga e descarga, se possui portas diferenciadas de acordo com o tamanho e os horários em que devem ocorrer. • Explicar o destino e trajeto do lixo proveniente da montagem, desmontagem e do evento em si: se deverá ser levado pelos fornecedores ou não. • Especificar a existência ou não e a quantidade de lixeiras de grande porte disponíveis no espaço. • Sugerir uma visita técnica dos fornecedores com 30 dias de antecedência ao evento. • Possuir câmeras de segurança. • Informar no contrato que a responsabilidade pelo pagamento do ECAD, se necessário, será do cliente.
* Lembrando, claro, que o intuito deste post é apenas levantar a discussão de alguns pontos.
7 Comentários
Constance, realmente todos esses cuidados são de extrema importância, mas ao visitar um local, mesmo que tenha alvará, é bom seguir a recomendação da Thaïs e pedir uma vistoria dos bombeiros atualizada, principalmente para grandes festas.
Aqui em São Paulo, infelizmente a posse de alvará não significa estar nas conformidades da lei.
Vale ler o texto: http://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2013/01/28/um-alvara-nao-torna-uma-casa-noturna-segura-em-sao-paulo/
Muito bom o post e super, super importante o conteúdo!
Ainda sem palavras sobre essa tragédia em Santa Maria :/
bjos Constance! :*
É bom que as pessoas saibam que existem tipos diferentes de alvará. Um é aquele para o funcionamento da atividade naquele espaço e o outro é uma licença específica para eventos de grande porte.
Todo evento de grande porte requer essa licença específica, com vistoria antes do evento para chegar se a montagem da decoração, por exemplo, não obstrui as rotas de fuga. Ou se há gambiarras elétricas que gerem risco de incêndio. O Código de Obras e Edificações de cada município traz as regras a serem cumpridas, além das Normas do Corpo de Bombeiros (estaduais).
O texto do Blog do Sakamoto me parece uma acusação vazia. Dizer que há corrupção e não dizer onde, quando, etc. não adianta nada. Não quero dizer que o Poder Público esteja sempre correto, mas normalmente é tido como o único culpado, mesmo quando tenta proteger os cidadãos.
Arquitetos e engenheiros são obrigados a conhecer e respeitar as leis ao projetar, e a obtenção do alvará não os isenta dessa obrigação.
Constance,
que bom ter acesso a esses esclarecimentos, principalmente nesse momento em que nada mais pode ser feito por aqueles jovens, mas temos o dever de refletir e evitar que novas tragédias como essa aconteçam tomando certas medidas preventivas. Inclusive até havia mandado um email sugerindo o assunto, pq acho q como eu, algumas pessoas nunca haviam se atentado para os reais riscos/responsabilidades na realização de um evento. Parabéns pela iniciativa!
Olá Constance, gostaria de incluir mais uma observação:
É muito importante pedir para o serviço de vallet uma cópia do seguro. Todos afirmam ter seguro, mas por exemplo, o vallet do meu casamento apresentou uma apolice com razão social diferente da que estava no contrato!
Eu fiz que questão que alteração o contrato ou apresentassem outra apolice.
São cuidados que as vezes esquecemos, mas garantem a segurança e evitam dor de cabeça no futuro…
Muito pertinente sua abordagem,estes eventos perigosos acontecem mais do que imaginamos.Um bom exemplo foi um casamento na minha familia , no qual a cozinha do espaço da festa pegou fogo. Como todo jantar se encontrava em camara fria foi possivel contornar a situação,sem que os noivos tomassem conhecimento.Ficou o alerta desde então para todos que souberam do ocorrido .Muito criterio na hora de contratar serviços,fica o alerta !
Uma outra questão de segurança que muitas vezes é negligenciada é a presença e a quantidade de seguranças. Apesar se ser uma festa familiar já ouvi alguns relatos de brigas em festas de casamentos inclusive com quebra de móveis e até de câmera do fotógrafo. Além do prejuizo material, a perda das fotos e o vídeo fica uma situação muito chata para os noivos. É importante verificar com o espaço se eles disponibilizam seguranças e quantos. Se não disponibilizarem, é importante contratar uma empresa especializada.