Quando pedi à Anna Paula que me contasse um pouquinho sobre a história do casamento dela, qual foi a minha surpresa quando o relato recebido foi escrito pelo noivo?

Achei tão meigo da parte dele e o texto passa tanta emoção e envolvimento com os detalhes que preferi transcrevê-lo integralmente:

“Aos meus exatos, 38 anos e 3 meses de vida, ou 28/05/2010, decidi ir atras de alguém que me parecia especial. Fiz perguntas, encontrei telefone e soube que ela estaria presente no aniversário de um amigo em comum, lá em Curitiba. Com um plano bem arquitetado junto ao apoio de alguns bons amigos, peguei a estrada para o que seria o meu último dia de solteiro. Chegando lá, liguei e por sorte ela estava hospedada no hotel exatamente ao lado do meu e, claro, fui a um breve encontro onde a cautela prevaleceu. Já na festa e algumas vodkas depois, aquelas histórias “com efeito Spielberg”, fluiam de tal forma que percebi estar fisgado.

Mas por teoria fui fiel a um ditado: “É quando acordamos que percebemos o que foi, ou não, importante no dia anterior.”

Voltei pra Floripa, já tendo telefonado e ansioso para um novo encontro. Mas como não transparecer aquela ansiedade? De novo, vários amigos assessorando e muita cautela para os próximos encontros.

Chegou dia 12/06, dia dos namorados: “assumo, ou sumo?”. Com medo da resposta, a convidei pra jantar com flores e cardápio especial. Tiro certo, ela caiu… Na mesma semana, uma viagem rápida me mostrou que ela fazia falta e a vontade de voltar só crescia. Cheguei, e aquele sentimento de que devia ter levado ela junto ficou muito claro.

Daí a prova de fogo, eu indo por 20 dias para a Indonésia e ela, por 40 para a Itália, o que fazer? Perderia, ou consolidaria o que estávamos sentindo? Não deu outra, virei expert em mensagens de texto e o que eu mais fazia era teclar e olhar pra ver se ela respondia, quase compulsivamente.

Desafio passado, ela chegou no dia do seu aniversário, 13/08 e daí, o toque especial, uma breve lua de mel na Praia do Rosa. Certíssimo dos meus sentimentos a pedi em casamento, mas claro, não contamos pra ninguém.

Quando chegou outubro, fomos à Buenos Aires, o lugar ideal para o anuncio à familia, mas um ótimo imprevisto ocorreu, meu cunhado foi mais rápido que eu e pediu a mão da minha cunhada em casamento e claro que se eu também tivesse o feito meu sogro teria infartado em terras Argentinas.

E agora, como e quando falar? E como prever a reação do meu sogro? E pra estarmos somente nós para o caso do pedido não ser aceito? Bom, se ferrado ou noivo, eu tinha que passar por aquela provação.

Coragem, apareceu a oportunidade e tive que improvisar: Comecei falando de festas e meu sogro se empolgou. Pedi ajuda a ele pra organizar numa festa que eu pretendia para maio próximo e ele foi muito solícito. Daí a deixa, falei que a festa só sairia se ele aprovasse eu casar com a Anna, pois seria a nossa festa de casamento. O homem travou e eu apavorei, e agora? Ele olhou pra todos os lados, o nariz avermelhou, deu uma resmungadinha e eu tive que me impor. ” Seu Ronério, olha nos meus olhos e diz se aprova, ou não?” E o medo? Ele deu mais uma resmungadinha, uma caminhada pela cozinha, daquelas de quem não quer entregar seu bem mais precioso, mas cedeu. Tentem imaginar a soma dos sentimentos medo, tensão, certeza, respeito, paixão, orgulho, euforia e mais um monte de outros juntos e eu tendo que ficar firme e sério? Foi pra matar, mas deu tudo certo, sai daquele jantar noivo.

De lá pra cá, muitos planos se formando e decisões sendo tomadas.

Tenho um restaurante com cara de bar, ou um Beach Point em Jurerê Internacional, onde muitos falam que é o lugar onde os sonhos se realizam. Pensei, já que trazemos tantos momentos felizes para pessoas que nem ao menos conhecemos, porque não a minha festa de casamento? “Batata”, a festa vai ser lá mesmo, no Taikô, em Jurerê Internacional, na beira do mar.

Pensamos em uma cerimônia religiosa, mas o Padre disse: “Caso vocês na praia, mas temos que oficializar na igreja primeiro”.

Dito e feito, dia 13, o mesmo dia que a Anna faz aniversário, do mesmo mês que nos conhecemos, dia de Nossa Senhora, casamos na igreja, numa cerimônia muito simples, com o testemunho das famílias e uns poucos amigos.

Já para a cerimônia e festa planejada para 28/05, coincidentemente o mesmo dia que conheci a Anna, e que meus pais e avós casaram, tudo ainda estava sendo finalizado para se iniciar a montagem. Paula Miranda, uma fantástica produtora de eventos, conseguiu interpretar nosso desejo de uma festa simples, mas com cores e tons que retratam nossas personalidades, o que somado a decoração já existente no Taikô, fez com que um simples Beach Point se transformasse num cenário de contos de fadas.

Mas o convite, como transcrever de forma simples este momento? Com as nossas impressões digitais fizemos o formato de um coração, unindo nossos nomes e todas as outras informações de forma direta, sem aquilo de “tudo por extenso”.

Tente imaginar, o mar espelhado sem qualquer vento como cenário de fundo. Um final de tarde daqueles que o céu fica numa mescla de cores que vão do azul profundo ao vermelho do sol poente, todos os convidados em chics, mas despojados, o nosso cerimonial orquestrado pelo produtor Fabiano Lima fez com que se iniciasse a entrada dos padrinhos.

Ao som dos músicos da Camerata Vieira, cada par foi adentrando em um ambiente que transbordava emoção, um exagero em padrinhos, 13 casais para cada noivo, que somados aos pais fizeram serem tocadas músicas que se identificavam com cada momento.

Chegou minha vez. Fui conduzido pela minha mãe, para aqueles que seriam meus últimos passos como solteiro. Ao chegar no altar, depois de algumas lágrimas ao ver todas aquelas pessoas que me participaram tão intensamente das nossas vidas e nos fizeram ser o que nos tornamos, a música é interrompida para a Anna entrar.

Ela aparece e eu quase desmoronei! Incrivelmente linda, num vestido desenhado pela sua tia e estilista, Erica Thiesen, tomada pelo braço de seu pai, ela vem. Foram poucos que não se emocionaram naquele momento. Aquela mistura de realização, satisfação, orgulho, prazer e mais um monte de sentimentos inundaram meus pensamentos, o que mais uma vez me deu certeza do que eu queria.

A cerimônia conduzida pelo padre Valmir foi simplesmente linda, pois conseguiu colocar a religiosidade de forma leve, descontraída e com um vocabulário moderno, onde as nossas crenças foram revalidadas e chanceladas pela igreja.  Os padrinhos e familiares levantaram, como uma chuva de rosas em nossa direção, flores que nos abençoaram no exato momento da troca de alianças. A prima da Anna, de 8 anos, nos fez uma surpresa, entrou com o seu irmão de 3 anos, cantando ao vivo a música “Somewhere over the rainbow”…

Alianças trocadas, juras de amor e fogos de artifícios terminaram a celebração de forma inesquecível.

Discurso do pai da Anna, após um lindo presente, um anel de família da tia-avó. Brinde com os padrinhos e mais um discurso meu. Ah, para a valsa dos noivos dançamos “The way you look tonight”.

Começaram os comes e bebes, regidos pelo atendimento do Taikô. Um cardápio com grande variedade foi servido como buffet, para os mais tradicionais, e volante, em pequenas porções, para os mais descontraídos. E, claro, muita bebida para acelerar o ritmo.

O som iniciou com uma banda recém formada, a Sarah Go, Denis Lima (voz e cordas), Victor Jr. (sax e armônica) e Gustavo Alves (bateria e percussão), onde tocaram clássicos dos anos 70, 80 e 90, com versões acústicas. Entre as músicas, muitos convidados puderam aproveitar o espaço zen, com massagem shiatsu da equipe Mima e as mulheres retocaram a maquiagem com os profissionais do Werner Coiffeur. Na seqüência, os DJs Serginho Mello e Jean Carlo (residente do Taikô), literalmente incendiaram a pista onde até as crianças e idosos sacolejaram, junto aos que chamamos de jovens e animados.

O bolo criado pela Dona Bernadete foi cortado com muita emoção, enquanto os docinhos da Mayra Pauli, foram literalmente devorados de forma compulsiva, de tão gostosos e convidativos que estavam.

Um dos momentos mais engraçados posso destacar a hora do buquê, porque a Anna e as madrinhas contrataram uma professora de dança e arrasaram na música “Loca” (Shakira).

Tudo começou às 16:45h e às 3h da madrugada, nos encontrávamos completamente desmontados, mas ainda curtindo em ritmo acelerado. As madrinhas receberam como agradecimento uma caixa da brigaderia e oratórios confeccionados pela Escola Profissional de Artesanato do Município. Tinha Menino Jesus, Nossa Senhora, Sagrada Família, Santa Terezinha, e por aí vai…um luxo!

Agora um detalhe que deixou a Anna muito orgulhosa, nosso casamento pôde ajudar muitas famílias carentes. As lembrancinhas do casamento e os sacos que envolveram as havaians foram elaborados por um grupo de mulheres chamado “Mulheres do Frei”. Vou explicar melhor: são mulheres muito carentes, que vivem em favelas e fazem artesanato para sustentar suas famílias. Minha sogra já acompanhava e ajuda essas mulheres há muito tempo e a Anna não teve dúvidas, quando pensou nas lembrancinhas, caixinhas com sachês perfumados. As Mulheres do Frei capricharam, fizeram um total de 500 caixinhas.

Dormimos, acordamos e já era hora de partir para Maldivas, Dubai e Cape Town, mas nossa lua de mel é uma outra história, onde começamos uma jornada de amor tão grande que logo vai transbordar e virar uma nova vida, com a benção dos meu amigos, família e Deus.

Espero que esse breve relato inspire novas histórias, para as pessoas que buscam no seu site as referências de um casal feliz.”

As fotos:

Foto: Lio Simas | Cerimonial: Fabiano Lima | Local: Taikô | Decoração: Paula Miranda | Bolo: Bernardete |  Doces: Mayra Pauli | Vestido: Érica Thiesen | Lembrancinhas: Mulheres do Frei